A sós na multidão
Pelas ruas da cidade, de mãos dadas comigo mesmo, me encontro nas esquinas onde o tempo assassina a tarde. Um voejar de ilusões alimenta sorrisos na cara das pessoas. Em outras tantas, a apreensão e o cansaço fazem-nas voltarem para seus lares, desgastadas pela ordem cumprida em troca de compensações para sustento.
O sol vai puxando suas réstias de luzes, tais quais cabelos dourados por sobre os prédios. Sento ao meu lado no banco da praça e me deixo na quietude do ser, apenas observando a concretude das coisas e todas as abstrações do convívio em sociedade.
Muita vastidão preenchida, mas nunca construída completamente.
As reformas e melhorias se dão todos os dias. Só que sobram destroços das obras processadas. São pedaços que não servem mais e tantas ações são revistas. O ruim que às vezes, os entulhos ficam ocupando espaços e o novo, que se quer mostrar bonito, nem sempre consegue, porque os olhos alheios só atentam para defeitos.
Bom, foi só uma analogia entre coisas e pessoas.
A cidade engole as pessoas no seu meio e as regurgita inteiras nos seus costumes, nos seus luxos e lixos amontoados. Não digere as raças nem difere as intenções. Mas é palco diário para apresentações vitais. É arena para competições, sem regras que visem misericórdia ou alçadas benéficas e mútuas. Apenas o juiz íntimo de cada um, julga à sua maneira e decide se fecha o round antes do nocaute, ou se permite ao outro que necessita, compartilhar da vitória.
Levanto-me do banco e de mãos dadas comigo mesmo, adentro a noite, disperso na multidão que não acompanha ninguém; Mesmo estando, quase todos voltando para casa em tantas direções.