O beijo da morte

Há fluxos de sangue escorrendo pelo tapete,

O cheiro da morte em todo lugar,

O vazio fúnebre, sinistro sobre o ar,

A cor sombria da infâme tragédia,

A faca suja reluzente à luz negra,

A voz rouca do vento avisando o terror...,

Os raios cortando o céu em tempestade,

Meio copo de cálice derramado,

Que penetra entre as frestas do chão de taco...,

Um gato preto o observa atentamente,

Três tocos de velas apagadas a mesa,

Condiz com a dor e o beijo da morte.

Os nodosos vermes se contemplam,

"Aqui jaz mais um fétido ser humano"

Não haverá complacência,

Nem tampouco piedade,

Somente o desfalecimento da carne e

agônia atormentada da alma.

Chove, chove, ininterruptamente,

O grunhido tênue do rasga mostalha,

Anunciando a partida da grande dama,

A dama da noite, princesa das trevas,

Obscura e temida, de estranha má sorte...

E nas entranhas da vida, o beijo da morte.

O grito sufocado ao qual ninguém ouviu,

Afogado em tristeza e solidão,

Arma branca empunhada à mão,

Fez-se valer todo fracasso e o desespero,

De um dia tê-lo amado o desconhecido,

Medíocre seja sempre este confalecido.

Autor: Russolini

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 20/09/2007
Reeditado em 07/07/2022
Código do texto: T660338
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