LOCOMOTIVA DA VIDA
A locomotiva de minha existência existia muitos vagões, com o tempo fui me desvencilhando de alguns, deixando-os para trás aqueles que só faziam de minha jornada mais lenta e tumultuada. Alguns compartimentos o destino se encarregou de descarrilhar, levando-os de mim. Nos trilhos de muitas viagens, se perderam amores, lembranças doces e pessoas especiais. Com o tempo descobri que não havia conseguido livrar-me de alguns ocupantes, pessoas cruéis que não pretendiam que eu chegasse a lugar algum, e desta vez, fiz questão de abandoná-los em algumas estações.
Por inúmeros momentos, paro, reflito e lembro-me do tempo que não volta mais, infelizmente já não existem possibilidades para o caminho de volta, mas o pensamento é livre e estaciono em qualquer lugar lindo e encantando do passado.
Tento traduzir-me, não há nada mais complexo que o conhecimento de si próprio, sigo na incessante descoberta de mim mesma. Os meus dias coloridos e dourados se perderam na linha do horizonte, onde o sol deita e dorme serenamente, dando oportunidade a lua que ilumina os cantos solitários do meu eu. Em cada espaço existe uma história que precisa ser recontada, pois a locomotiva de minha vida é dinâmica, não pode ser freada, e não hei de desistir em cada estação desativada, refaço outros caminhos, se não há trilhos, existem rios e mares para que eu navegue. Aprendi também a cavalgar, não há como desistir de alcançar muitos dos meus objetivos, pois me transformei na condutora de minha própria locomotiva através da divina oportunidade de estar viva.