LOCOMOTIVA DA VIDA

A locomotiva de minha existência existia muitos vagões, com o tempo fui me desvencilhando de alguns, deixando-os para trás aqueles que só faziam de minha jornada mais lenta e tumultuada. Alguns compartimentos o destino se encarregou de descarrilhar, levando-os de mim. Nos trilhos de muitas viagens, se perderam amores, lembranças doces e pessoas especiais. Com o tempo descobri que não havia conseguido livrar-me de alguns ocupantes, pessoas cruéis que não pretendiam que eu chegasse a lugar algum, e desta vez, fiz questão de abandoná-los em algumas estações.

Por inúmeros momentos, paro, reflito e lembro-me do tempo que não volta mais, infelizmente já não existem possibilidades para o caminho de volta, mas o pensamento é livre e estaciono em qualquer lugar lindo e encantando do passado.

Tento traduzir-me, não há nada mais complexo que o conhecimento de si próprio, sigo na incessante descoberta de mim mesma. Os meus dias coloridos e dourados se perderam na linha do horizonte, onde o sol deita e dorme serenamente, dando oportunidade a lua que ilumina os cantos solitários do meu eu. Em cada espaço existe uma história que precisa ser recontada, pois a locomotiva de minha vida é dinâmica, não pode ser freada, e não hei de desistir em cada estação desativada, refaço outros caminhos, se não há trilhos, existem rios e mares para que eu navegue. Aprendi também a cavalgar, não há como desistir de alcançar muitos dos meus objetivos, pois me transformei na condutora de minha própria locomotiva através da divina oportunidade de estar viva.

TEREZA GUEDES
Enviado por TEREZA GUEDES em 18/03/2019
Código do texto: T6600854
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