Sorriso insosso
O sorriso foi o meu ponto final
As vírgulas, as reticências, afinal
A exclamação de um verso solitário
E, por vezes, ansioso.
O tempo ficou contido em alguns minutos
E nessa redoma, fiz meu mundo
Um ecossistema cheio de furacões
De neblinas, de chuvas torrenciais.
Apesar do sorriso, não havia sol.
O coração rígido esfriou, gelou.
Por mais demorado que fora o beijo
Não havia aquela saliva doce
Era um amargo meio azedo enjoativo
O brilho das córneas brancas eram confortantes
Não tanto quanto os toques rápidos
Mas eram tão, como disse, rápidos!
Suficiente para causar - a qualquer um - repulsa.
Poderia isso ser uma poesia livre de amor
Mas amor não se faz com sorrisos finais.
Há necessidade de especiarias
Para condimentar a carne a ser devorada.
A saliva não precisa ser uma gosma saborosa
Todavia, a língua há de ser apimentada.