Falsa estiagem
Gosto de ir dormir, ouvindo o barulho da chuva,
gosto de acordar e olhar
a chuva caindo forte, gosto de ouvir os trovões,
de ver as águas rolando apressadas, deixando para trás
o meu desejo de que chova cada vez mais,
como se fosse urgente resfriar o calor da minha alma,
sedenta de invernos, gosto de relâmpagos, gosto da
falsa estiagem do final do dia,
gosto quando varro a calçada e sinto o cheiro de lodo,
sinal de um bom inverno, e a passarada alegre à cantar,
em bando, seus trinados me reporta
à minha infância,
posso até ouvir os gritos dos meus irmãos
me chamando para tomarmos banho de chuva
...chego à sentir saudade da chuva, antes que ela se vá.
Dá uma vontade de tomar um café, ao ar livre,
olhando as nuvens carregadas se aproximando
e correr para fazer
um poema de amor, dum amor que nunca tive,
nunca vivi, mas, que criei
em minhas noites quentes
e à me regozijar nesse frio tão raro,
me perder em sentimentos que
se não me levaram para lugar nenhum,
me fez estacionar nesse lugar onde escolhi ficar,
e que gosto tanto.