Anoitecer das águas

Erro o tempo todo

Corro atrás dos ponteiros

Perco-me no meio

Deixo princípios no início

Esqueço de onde vim

E sem ao menos chegar ao fim,

Apago o caminho

Não tenho mais aonde ir

E como [dizem que] não se pode voltar, fico.

.

.

.

Quando a mente não pode ser clareada

Quando a noite não deixa o coração

Quando a chuva afoga a alma

Quando a angústia carrega o corpo

Não há luz que ilumine o ser

Não há alimento que supra o vazio.

Não há prazer que amenize a dor .

Não há nada .

Só um grito mudo .

Vindo do profundo escuro .

Em meio ao caos de uma guerra perdida

Uma pequena menina, aflita .

Presa em si mesma .

E encolhida por suas próprias escolhas .

Condenada .

.

.

Ali na superfície .

Pensei ser filha do sol

No entanto,

Vi na água refletida

A máscara

Que me asfixia

Agora, no fundo do lago

-O fracasso-

Não há luz, há lama

E me pergunto

Se essa é a verdade

que me resta...