Das senzalas aos quartos de empregada
A mudança do cenário embala, irônicamente, a dura realidade que ainda perdura depois de tantos anos.
A madeira e o barro deram lugar às paredes pintadas, camas macias sustituíram o chão de terra batida e a palha sobre os quais longas e sombrias noites eram passadas. Porém, as dolorosas correntes do preconceito ainda não foram quebradas. Ainda aprisionam os "alforriados" na "senzala" chamada segregação.
O diploma legal sancionado e assinado com alegria por dona Isabel a mais de um século atrás, alforriou "corpos negros" mas não conseguiu libertar as "mentes brancas" do preconceito que ainda as domina nos dias atuais.
A princesa nem imaginava que a mais necessária alforria não estava ao seu alcance... a verdadeira libertação teria que alcançar a mente humana, aprisionada nas correntes da hostilidade.
A tinta e a pena jamais poderiam alforriar as almas doentias de pessoas que ainda hoje, não ententem verdadeiro significado da liberdade.
Triste realidade de uma pseudoabolição que trouxe com ela a falsa idéia de justiça social.
Falsa liberdade...falso senso de humanidade que, nos dias atuais, se desmascaram e descortinam nos quartos, entradas e elevadores de serviço.