Das senzalas aos quartos de empregada

A mudança do cenário embala, irônicamente, a dura realidade que ainda perdura depois de tantos anos.

A madeira e o barro deram lugar às paredes pintadas, camas macias sustituíram o chão de terra batida e a palha sobre os quais longas e sombrias noites eram passadas. Porém, as dolorosas correntes do preconceito ainda não foram quebradas. Ainda aprisionam os "alforriados" na "senzala" chamada segregação.

O diploma legal sancionado e assinado com alegria por dona Isabel a mais de um século atrás, alforriou "corpos negros" mas não conseguiu libertar as "mentes brancas" do preconceito que ainda as domina nos dias atuais.

A princesa nem imaginava que a mais necessária alforria não estava ao seu alcance... a verdadeira libertação teria que alcançar a mente humana, aprisionada nas correntes da hostilidade.

A tinta e a pena jamais poderiam alforriar as almas doentias de pessoas que ainda hoje, não ententem verdadeiro significado da liberdade.

Triste realidade de uma pseudoabolição que trouxe com ela a falsa idéia de justiça social.

Falsa liberdade...falso senso de humanidade que, nos dias atuais, se desmascaram e descortinam nos quartos, entradas e elevadores de serviço.

Elaine Monte
Enviado por Elaine Monte em 14/03/2019
Reeditado em 14/03/2019
Código do texto: T6597844
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