banho de piranha
e teve depois outro acampamento
este sim do lado de um caudaloso igarapé
com uns cinco metros de largura
por mais de um de fundura
bem ao lado da cabana e da fogueira
ali, os forasteiros, nos banhávamos todo fim de dia
tinha um tronco de açaí atravessado
quase à altura da água
servia de ponte, assento
nele ficavam as roupas e o sabão
um arranjo perfeito para aliviar as suarentas jornadas
da mata sufocante, onde tudo empapava
ou pareceu perfeito, até o dia de descanso
quando alguém teve a ideia de pescar
para ver se era possível
variar a dieta de carne de queixada
carne usada de isca no anzol
e peixes, logo se viu, os havia, e muitos
cada arremesso era um tranco forte, imediato
e um anzol perdido
depois do segundo anzol
o terceiro foi encastoado com arame de aço
e num instante voltou com a piranha vermelha
e foram muitas outras piranhas
era arremessar e tirar, o igarapé estava cheio delas
foi de peixes desse dia o jantar
os peões enaltecendo
suas propriedades afrodisíacas
e eu, ao contrário, intimidado
pensando no banho com os peixes carnívoros à volta
e nem por isso deixamos de por lá nos banhar
é certo que os mergulhos ficaram mais raros e cuidadosos
e é bem verdade que folgamos
quando mudamos de lugar