ESCATOLÓGICO II
Esta caveira
que carregarei até o fim,
cheia de saberes e de sonhos,
um dia descansará num túmulo,
ou num depósito de ossos,
quem sabe ao sol, à chuva...
Os dentes à mostra
a assustar crianças!
Se o que nos espera é isso,
por que tantos deveres:
igreja, escola, trabalho, castigos?...
Afinal, um dia,
os miolos se derreterão
e restará a caixa vazia,
as órbitas enormes,
a contemplar o nada!
NOTA: Inspirado no texto "Um enterro", da obra Infância, de Graciliano Ramos.