Aceite-me!2

Se temos a intimidade do corpo para buscar a respiração, a sincronicidade dos órgãos para fazer da gente no movimento; andar, comer, dormir, fazer e acontecer, levar-nos ao prazer, para estar no samba e até se perder, travestir-se de outro personagem, e gostar, exteriorizar qualquer sentimento para atender o instantâneo do nosso querer, porquê sobrevive a verdade que não cala, de que isso não basta?

A grande ironia é que não é permitido Te ver,Ó Deus. Será que fizeste-nos tão diminuto? Caprichosamente para não podermos vê-lo, e descobrir a charada de sua fazedura? Ou fomos nós que saímos dos trilhos, nos perdemos da senda, da seiva. Tu, deixou de ser nosso lavrador?

Fica nossa rompança, de se dar de superior, este lado bestial nosso de achar que porque exploramos um bucadinho mais que os outros a realidade, podemos derrubar crenças e crendices, conceitos e paradigmas do que acham ser Tu na cultura.

Pobres e miseráveis continuamos, desde quando levantamos a cabeça um pouco mais que os outros, e descobrimos de que este teatro no corpo físico acaba com a morte, que não garantimos levar nem mesmo o conhecimento que adquirimos.

Arrastamos a sentença,um ser incompleto, com um lado resolvido, da certeza do fim do corpo, e outro, ressentimento dentro, como se estivéssemos sido abandonados, noutras vezes, foragido de casa, restando somente uma nuvem acinzentada que denuncia esconder nossa essência luminosa.

Cão de caça, cão guia, até o perdigueiro, chega ser mais útil que o corpo humano, sem a certeza inabalável de que somos centelhas divinas.

A conclusão da eternidade que habita em nós é trazida pela experiência subjetiva, não passível de prova, daí o caminho solitário para quem entende ter encontrado o fio da meada.

E na senda deparamos com a grandeza do amor incondicional, que se apresenta, como Sol do meio dia a nós, daí a necessidade de ser aceita por Ti, Ó Deus!

Sirva-se desta que chega às margens do grande Rio da bem aventurança, se Tu És, como dizem, Aquele que É, e sempre Foi, sem passado, e sem futuro, O do instante. Que receba esta onde atua sem as amarras do tempo-espaço, absorva-a na sua intimidade, enlaçando-a na pureza eterna que Tu concedeu para que Ela fosse um dia, assim, matará a saudade, religará em Ti, tornando-se Una novamente.

Esperará a nova florada.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 04/03/2019
Código do texto: T6589454
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