EU E MEU SÓ

Estou só, quer dizer, tenho ódio e medo do amor que está a caminho, um rosto e uma voz que desconheço.

A mulher é o copo que recebe o meu veneno, o meu conteúdo de amor. Não é por isso que tenho medo, o que me arrepia de terror é este amor invisível e brutal como um príncipe.

Homem livre? – estremeço.

Que faço agora da minha liberdade?

Que faço deste amor informe como a nuvem e pesado como a pedra?

Que faço se este amor me esvazia e remove a cor e o sentido das coisas como ácido?

Sinto o terror de amar, e agora, como fera enjaulada, sinto-me selvagem. Selvagem não na voluntariedade do sexo, mas neste amor profundo e incontrolável como a loucura.

Novamente estou só, sem amor, sem ninguém... exatamente como espelho que espera o retorno da imagem humana, o amor sem rosto e sem voz está a caminho.

Que faço?

Onde fugir?

Como provar que antes de ser canalha, vagabundo, anjo, companheiro, amigo...

Como provar que antes e depois de todos esses predicados que me dão eu sou único e simplesmente homem?

Como???

Luiz Carlos Santos
Enviado por Luiz Carlos Santos em 19/09/2007
Reeditado em 07/10/2007
Código do texto: T658868
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