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CONVITE



Vem. Espero-te ao pé da escada que leva a minha vida.
Dê-me tua mão e ultrapasse o limite que a necessidade de estarmos juntos nos impôs. Posso garantir que no mais dentro de mim a emoção de ter-te aqui chega a ser dolorosa, mas maravilhosamente deliciosa de sentir.
Vem! Meu mundo é isso aqui, não te assustes. Pouco tenho de meu, pois é verdade que estou de passagem. Todos nós estamos embora apegos a coisas materiais sejam diáriamente encorajados. O que é real e genuinamente meu é o presente. Isso e o sentimento construído, alargado e escandalosamente explícito a teu olhar de homem incrédulo e reticente.
Silêncio.
Não quero ouvir nada além do que nossos olhares possam dizer.Não te cobrarei nenhuma palavra, nem mesmo qualquer gesto.
Amor, mesmo não correspondido, jamais será um desperdício ou motivo de medo. É bom para quem sente, melhor ainda para quem recebe especialmente se é desejado.
Não temo o que vivo e também não sinto nenhuma culpa. Ao contrário, alegro-me por ser capaz, por vibrar com a fantasia do amor. E mais do que concretizá-lo,  gosto infinitamente de senti-lo. Tenha certeza que em nenhum momento fui/sou infeliz.
Não quero em hipótese alguma, que te sintas responsável por nada do que digo. Sou dona do meu nariz e não preciso de autorização ou benção para o meu caminhar. Posso e quero assumir meus riscos.
Quero sim ficar perto de ti. Te “apresentar” meu mundo, guardar teu sorriso de menino, o calor de teu abraço, o cheiro da tua pele. Quero sim, continuar sendo presença em tua vida, mesmo que não seja no papel que desejo.
Vem. Apenas olhe para mim. É possível que minha boca jamais pronuncie qualquer som parecido com um “eu te amo”, mas saberás pelo sorriso, pelo olhar, pelos gestos incontidos o quanto isso é verdade
Caminha do meu lado e não precisarei dizer-te nada.

Da série : Histórias de vida de mulheres comum