Saudosismo e Espera 4

Estar aderida à Porta, Eu Sou passagem. Como bambu e o vento, vivo as estrelas e o firmamento, sem ser tocada por eles. Estou, e não estou.

No trilhar do retorno, que no corpo de carne me aventuro, adaptei-me a viver como peregrina, pronta para partida.

Fiz da oportunidade estar junto a Deus, diluiu a vontade de buscar fixação no tempo, definição para a vida e as coisas. Co-crio com ele pelas palavras. Sinto seu aspecto permissivo.

E aquela vida de outrora de rainha, que lembro-me muito bem, chego duvidar se daquele estado quero retornar para ficar, a não ser para realizar pouso provisório, estar junto a irmandade avançada, que não perde tempo em saber e aprender, rumo ao perfeito.

Como perder o gosto do que é o bom e o belo? a lembrança de ter experimentado um dia na eternidade da vida numa sociedade justa e igualitária, cujo único objetivo do seu povo era ser feliz, e viver o amor!

Cores e amores, salas e palacetes, mundo do luxo e da ostentação tidos como natural, aceito como meio de vida e liberdade, consumido por pessoas no mesmo nível de competências e condições, tranquilos no trato e pacíficos.

Nesta estação quero retornar, reabastecer da vibração do confraternizar da vida. Viver, viver desmedidamente! Ter novamente no juízo, a certeza inquestionável de que a pobreza não ronda, as injustiças sociais, a ignorância e o fanatismo moral e religioso, a discriminação e o preconceito, de ideia e de cor.

Por ora, contenta m´alma estar com Deus no campo imaginário, surpreender a cada instante em conhecer suas malícias e trejeitos, o que faz do itinerário festa, traz-me espanto e admiração, como criança quando ganha um doce.

Pensar que tanto na Terra, como nestes mundos em que há vibração superior do amor incondicional, a misericórdia, a longanimidade e a justiça divina atua. Tudo vibra, nada fica estacionado, aquilo que é demasiadamente bom, ou ruim, tem que se posicionar para o novo.

Do saudosismo e da espera busco aprender.

No trajeto, farto-me do bastar em Deus, este ser sem face que ão admite parada, que está aqui, lá e acolá.

Nos olhos que me lê, na gota e no orvalho, no antes do Ser, e no depois de tudo.

Rumo ao perfeito e ao belo.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 22/02/2019
Código do texto: T6581759
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