Sonho de uma tarde de verão
A primeira vez que li um poema dela,
tremi de vergonha da minha letra;
mas continuei lendo.
Li outro, depois outro...,
quando meus olhos arderam
ela me convidou para entrar
e puxar uma cadeira.
Em seguida sem papas na lingua disse:
Poesia é igual bunda,
cada um tem a sua.
Goste ou não goste dela
tem que aprender a rebolar.
Um não escreve porque gosta,
escreve porque precisa,
porque não sabe
não escrever.
Depois me serviu uma broa de fubá
e um café.
Mostrei para ela os meus garranchos
e ela os leu com olhos de irmã mais velha.
À Adélia Prado,
com respeito e agradecimento pela sua poesia.