Não era a primeira vez que se sentia assim: aos cacos. Depois da queda que a trincou, olhava o espelho da sua trajetória como se fosse o fim, nada mais lhe atribuía esperança.
A estética era algo que a surpreendia por demais, afinal era apegada ao que a imagem transmitia. Viu-se despedaçada. Como se lhe arrancassem, à força, cada parte sua, que resguardou por décadas. E nisso acreditava.
Mas de tanto se ver lutando contra o que a natureza lhe ofertava na gratuidade, resolveu parar e olhar para o que lhe apresentava, sem compromisso.
Na dor, se perdendo na deformação daquilo tudo que imaginava ser o ideal, deu a si, sem vergonha, a chance de pensar e repensar. E por um instante (único e mágico), compreendeu que tudo que lhe fora tomado, abruptamente, aquelas rupturas que vinham como surpresa, era a definição lógica de que contra as forças divinas não podia conflitar.
E mesmo tarde, mudou sua postura diante do defeito em si (se é que era defeito), e via um novo ser. Não mais seria o desejo de todos os olhos, mas contudo, haveria os que nela, enxergariam o reflexo da queda como um novo produto, de resultado.
E sem lutar contra o coração que por pouco já não mais a pertenceria, viu-se diferente (mas se viu). E com isso, aceitou a realidade e não relutou.
Era de resiliência que se abastecia. E era disso que precisava desde o início, mas em coma (fruto do ego), demorou para aceitar o desfecho.
Enfim, ressuscitou! Depois de negar a si, por diversas vezes, o direito de viver.