Dia Especial
Ele saiu sozinho a procura de si.
Era angustiante para Ele estar longe de si mesmo.
De todas as solidões essa certamente era a pior de todas. Naquele dia acordou decidido a se encontrar, há anos que não acordava com tamanha coragem.
O medo de fracassar novamente o consumia, mas naquele dia, acordou convicto de que o medo não iria desaparecer, era necessário sair com medo mesmo, a princípio enfrentar o medo parecia ser mais terrível que a própria morte, imediatamente percebeu a estupidez, era óbvio, nunca soubera de um morto "apreensivo" dentro do próprio caixão, entendeu que o medo é peculiaridade dos vivos.
Decidiu sair ainda antes do amanhecer.
Aproveitar o primeiro raio de luz certamente era uma vantagem.
Assim que o sol fitou o horizonte e sua luz numa velocidade absurda tocou a sua Íris, Ele chorou.
Não sentia há tempos a alegria de um dia especial.
A luz do seu olhar, com a luz do sol, eclodiu a beleza da criação.
Foi então que Ele entendeu que as imagens que criara de si mesmo era mera idolatria de um crédulo que não sabe que a fé é tão cega quanto o "autoconhecimento". E como um iconoclasta destruiu uma por uma.
A aurora continuava a ressuscitar pessoas.
E nem era o terceiro dia.
Ele encontrou o potencial que existia dentro de si.