Dias Sem Fim

Um milênio em segundos na hora vazia confrontada por uma saudade do cheiro de algo ou de alguém retrata-me.

Por que te dei formas, hora mentirosa?

Não há tempo, é mentira.

Inocente vida em curso,

solidão chegando... Pois que se achegue logo e incline a cruz à luz

Vejamos o Senhor.

Deixei escapar palavras a Ele:

- Veja meu coração frágil sangrar. Perdidos foram seus batimentos...E agora?

Elo com a morte,

alianças soltas,

naufrágio em gotas...

E lá fora, brumas escondem os anjos com seus olhos acesos a vasculhar os quintais.

O medo me chega aos caminhos que se abrem na escuridão que vai aquietando-se.

Ouviste falar do barulho da quietude?

Cá estou de mãos vazias das dores

e farta da agonia das palavras engolidas ou surrupiadas.

Quisera saber de mim

Sem começo, fim; ou mesmo recomeço

Ah, mas não há por quê,

me basta a iluminação que brota das palavras que escaparam ao Senhor.

Te digo, e não sei a que tempo, que vivi o infinito dia de hoje, posto que findo antes do renascer da luz.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 13/02/2019
Reeditado em 26/02/2019
Código do texto: T6574085
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