Dias Sem Fim
Um milênio em segundos na hora vazia confrontada por uma saudade do cheiro de algo ou de alguém retrata-me.
Por que te dei formas, hora mentirosa?
Não há tempo, é mentira.
Inocente vida em curso,
solidão chegando... Pois que se achegue logo e incline a cruz à luz
Vejamos o Senhor.
Deixei escapar palavras a Ele:
- Veja meu coração frágil sangrar. Perdidos foram seus batimentos...E agora?
Elo com a morte,
alianças soltas,
naufrágio em gotas...
E lá fora, brumas escondem os anjos com seus olhos acesos a vasculhar os quintais.
O medo me chega aos caminhos que se abrem na escuridão que vai aquietando-se.
Ouviste falar do barulho da quietude?
Cá estou de mãos vazias das dores
e farta da agonia das palavras engolidas ou surrupiadas.
Quisera saber de mim
Sem começo, fim; ou mesmo recomeço
Ah, mas não há por quê,
me basta a iluminação que brota das palavras que escaparam ao Senhor.
Te digo, e não sei a que tempo, que vivi o infinito dia de hoje, posto que findo antes do renascer da luz.