Profundo

Aí sempre houve

um escutar silencioso e paciente

surtando as mãos loucas para riscar.

Impaciente parte da mente para logo retornar

e mostra-se companhia frequente.

Satisfaz-se a vertente de suas próprias profundezas

riscando o leito

o escorregar vagaroso de sinuosas linhas ao mar

Incomodada à estranha sensação de pulsar outras intensidades

ruminar do seco à água

limpa após o filtro

Mal-feitio do homem

bicho lixo entorpecedor

Logo as fontes se findam para longínquas lembranças

Tais a ver diariamente inícios e fins de inícios e fins

o início do fim

continuamente segue seu rumo pelas esquinas e encruzilhadas de estradas passadas à memórias póstumas

neste imenso túmulo de amontoados desconhecidos

misturados

volvidos ao pó dos tempos em obsoletas inverdades inabsolutas

tornados nada então

Estremece fronteiriço ao inimaginável

tantas pontes ao léu

entrelaça e desfaz o que havia se esquecido por inconsertável ser

Há penas que vêem-nos como companhias

desprovidas do vento

dos tempos

e de inexistência

Torna-se lodo fétido sobre a nascente profunda o tempo rígido do passageiro

caído.

20190213