MINHA CASA
Nair Lúcia de Britto
Assim que eu transponho a porta da minha casa, eu me encontro numa sala nem muito grande, nem muito pequena, cujo cenário me é muito conhecido.
Do lado esquerdo de quem entra, existe uma Bateria (antigo instrumento musical que pertence ao meu marido) e que toma um bom espaço na sala. Mas eu nem de leve penso em lhe pedir para liberar esse espaço, pois bem sei o quanto esse instrumento musical representa para ele. Nele estão lembranças de sua juventude, da banda que formou com seus melhores amigos, de noites de euforia, do rock’n roll que eles tocavam com entusiamo. Enfim, a lembrança pungente de uma adolescência feliz!
Vez por outra, ele pega as baquetas e começa a tocar algum ritmo frenético. Eu adoro ouvi-lo!
Na mesma sala, estão algumas cadeiras, substituindo o costumeiro terno estofado. As almofadas macias, geralmente estão amarfanhadas pelas crianças que ali se sentam; divertidas e sem cuidado.
Apesar de desgastadas, não me animo a trocá-las por outras, novas, ou mais modernas. Porque, quantas noites eu e meu marido nos sentamos nessas almofadas para conversarmos as novidades do trabalho, procurarmos soluções para problemas do cotidiano; ou apenas para contar alguma coisa divertida.
Faz parte do mobiliário uma estante com uma coleção de obras de Graciliano Ramos, um dos meus escritores prediletos. Além de outros romances, que me inspiram escrever.
A televisão para mim é um dos móveis mais importantes da casa. Meu entretenimento favorito nos finais de semana, para esquecer o cansaço do trabalho. É também a alegria das crianças; e objeto de interesse para meu marido, na hora do noticiário político e as demais reportagens.
No quarto de dormir das crianças, quase sempre há livros espalhados, recortes de revista, papel picado e bonecas sobre a cama. Mesmo quando reclamo da bagunça, eu me orgulho por ver minhas crianças estudiosas e responsáveis.
A cozinha é o local onde permaneço a maior parte do tempo, fazendo quitutes que a minha turma gosta. E quando algum deles passa por mim e diz: “Hummm, que cheirinho bom! Ou ficam me rodeando, esperando ansiosos a “boia” sair... Então eu me sinto orgulhosa, uma pessoa muito importante e insubstituível!
Finalmente meu quarto de dormir; para o meu repouso merecido! Quando chego do Jornal, onde trabalho, já tarde da noite, todos já estão dormindo. Então vou olhar um a um, cada qual no seu leito, se todos estão bem agasalhados...
A Silvia abraçada à boneca, num sono tranquilo... A Sandra com seu jeito folgado de dormir... A Gabriela que parece um anjinho, com as mãozinhas juntas, como numa prece...
Meu marido profundamente adormecido e despreocupado... Então eu me deito na cama devagarinho, para não acordá-lo. Fecho os olhos e peço a Deus que nos conserve, assim, sempre unidos. Depois eu durmo com a certeza de um amanhã feliz!
Nair Lúcia de Britto
Assim que eu transponho a porta da minha casa, eu me encontro numa sala nem muito grande, nem muito pequena, cujo cenário me é muito conhecido.
Do lado esquerdo de quem entra, existe uma Bateria (antigo instrumento musical que pertence ao meu marido) e que toma um bom espaço na sala. Mas eu nem de leve penso em lhe pedir para liberar esse espaço, pois bem sei o quanto esse instrumento musical representa para ele. Nele estão lembranças de sua juventude, da banda que formou com seus melhores amigos, de noites de euforia, do rock’n roll que eles tocavam com entusiamo. Enfim, a lembrança pungente de uma adolescência feliz!
Vez por outra, ele pega as baquetas e começa a tocar algum ritmo frenético. Eu adoro ouvi-lo!
Na mesma sala, estão algumas cadeiras, substituindo o costumeiro terno estofado. As almofadas macias, geralmente estão amarfanhadas pelas crianças que ali se sentam; divertidas e sem cuidado.
Apesar de desgastadas, não me animo a trocá-las por outras, novas, ou mais modernas. Porque, quantas noites eu e meu marido nos sentamos nessas almofadas para conversarmos as novidades do trabalho, procurarmos soluções para problemas do cotidiano; ou apenas para contar alguma coisa divertida.
Faz parte do mobiliário uma estante com uma coleção de obras de Graciliano Ramos, um dos meus escritores prediletos. Além de outros romances, que me inspiram escrever.
A televisão para mim é um dos móveis mais importantes da casa. Meu entretenimento favorito nos finais de semana, para esquecer o cansaço do trabalho. É também a alegria das crianças; e objeto de interesse para meu marido, na hora do noticiário político e as demais reportagens.
No quarto de dormir das crianças, quase sempre há livros espalhados, recortes de revista, papel picado e bonecas sobre a cama. Mesmo quando reclamo da bagunça, eu me orgulho por ver minhas crianças estudiosas e responsáveis.
A cozinha é o local onde permaneço a maior parte do tempo, fazendo quitutes que a minha turma gosta. E quando algum deles passa por mim e diz: “Hummm, que cheirinho bom! Ou ficam me rodeando, esperando ansiosos a “boia” sair... Então eu me sinto orgulhosa, uma pessoa muito importante e insubstituível!
Finalmente meu quarto de dormir; para o meu repouso merecido! Quando chego do Jornal, onde trabalho, já tarde da noite, todos já estão dormindo. Então vou olhar um a um, cada qual no seu leito, se todos estão bem agasalhados...
A Silvia abraçada à boneca, num sono tranquilo... A Sandra com seu jeito folgado de dormir... A Gabriela que parece um anjinho, com as mãozinhas juntas, como numa prece...
Meu marido profundamente adormecido e despreocupado... Então eu me deito na cama devagarinho, para não acordá-lo. Fecho os olhos e peço a Deus que nos conserve, assim, sempre unidos. Depois eu durmo com a certeza de um amanhã feliz!