Conversa com o Pajé da Tribo
Sentei ao lado do Pajé da Tribo, que tocava a Flauta da Vida. Na relva. Na selva, como que indiferente a Grande Guerra.
Pedi conselho. Não “tava” dando grude os acontecimentos para o meio termo, não tinha aderência eu com o que pedia o aflorar novamente, a danação da angústia.
Ele, soltando os lábios do instrumento, esticando e encurtando as rugas da face, passou olhar para o horizonte, como que conhecendo o que pensava, passou dizer:
__Toca mulé, toca a suprema canção, é tu que dá o tom, siga em frente, sinta a orquestra, permita que a melodia que tu compor tenha a aquiescência do amor divino.
É de dentro que ouve o som. Deu uma pausa, suspirou profundamente.
Depois, continua:
__Tão logo sentirá nas entranhas o que os trovões querem transmitir. A luz dos relâmpagos clareará o caminho, apontando a significação do caos instaurado.
Não é o fim, mulé!
É o começo.
Se aprume. Somente com a cabeça erguida testemunhará a glória no renovo do Sol.
Em meio a tanta fumaça que embatuma a ação, receberá o que necessita.
Discernimento que elucidará.
Terás a visão do trajeto, a sua posição na luta.
Guerreiros somos, atuamos pelo lado oposto da estratégia por pura ignorância, desconhecimento dos assuntos da arte da guerra. Seres que inverteram o sentido para a luta.
Desde o início, das trevas à iluminação, é a meta.
A sorte está lançada.
Faxine seu interior, o tempo se aproxima.
Harmonize-se com o indomesticável Sol, com a inconstância da Lua, com a fixação das estações, com a impermanência da realidade que te dá o chão, com o anonimato da direção do vento, com os rebuliços que levarão o que sempre foi de pernas para o alto .
Somente assim encontrará o descanso sobre as águas turvas para continuar de pé.
Lute. Nossos antepassados estão de telespectadores nos assistindo, no sangue que corre nas nossas veia.
É a tua vez. Aja com o que tens, lembrando que se falhar no caminho evolutivo, infringindo a grande Lei, a do amor, seja pelo atalho, ou na tempestade em alto mar, somente pela porta do coração terás o recomeço.
Sê.