Nós e os outros
Nós e os outros
Esta noite sentei à mesa e jantei com gente que mal conhecia.
Tínhamos histórias de vidas diferentes, diferentes interesses
Sou do sul da América, eles da América do norte
E tudo que daí deriva e que por vez chamamos sorte.
O vinho, entretanto, mostrou nossa ignorância e nossa irmandade.
Mostrou-nos que no fundo, o que cada um de nós quer e precisa, é apenas ser reconhecido, amado.
Antes de dormir lendo algumas páginas de O Aleph, de Borges,, aprendi que os outros os quais esperamos que nos amem, somos nós mesmos.
Mais! Eu sou também quem eu odeio. Somos espelhos diante de espelhos. Poderia dizer que de alguma forma todos nós fomos Hitler, Stalin, Heráclito.. somos nossos vizinhos, alguém desconhecido que encontramos na rua e também somos todos os mestres.
Somente poderemos ser salvos como povo, não como indivíduos.O que equivale a dizer que a espécie é mais importante do que o individuo.
Talvez seja isso o Karma coletivo
Por isso é que Deus e os anjos relevam nossos pecados.
Mas o caso é que eu não sinto que sou quem verdadeiramente amo, ou talvez seja uma parte de mim que ainda não conheço. Eu acho.
Bom este é um paradoxo, sobre o qual ainda tenho que pensar,
à luz do vinho, em uma outra noite. Outros amigos. Em algum outro lugar da América.
New Jersey,Setembro de 2007