Jane Doe
Muitos “acham” que me conhecem, que sabem o que se passa na minha vida, na minha rotina, na minha história, na minha alma, na minha mente, no meu coração. Ó senhores e senhoras, caros colegas e amigos, mesmos familiares, sinto dizer que nada sabem, nada veem, nada percebem da minha verdadeira essência. Sou uma completa estranha nesse mundo, para a comunidade que insisti em pintar um quadro da minha vida para que eu interprete tal papel. Adoram rotular e estereotipar a minha imagem, a minha figura, como lhes convêm!
Pois, ou sou uma eximia ilusionista, a melhor dentro os melhores, ou os enganei com uma maestria inocente – os ludibriei lindamente, e não foi essa a intenção. Desta que vos “fala” – e por ser tão pré-julgada e julgada, em vários momentos da vida – agora tens minha confissão escrita. Letra a letra, palavra a palavra, virgula por virgula. Por mim. Um ser desconhecido ou fantasiado pelos demais.
Se tu dentre tantos outros, enxerga-me realmente, detalhe a detalhe. Apresenta-te, pois agora, e serás meu melhor amigo (a), a pessoa que mais estimo nessa vida terrena. Seremos ligados como irmãos, pois tu ser que não conheço a existência, tem em vossa mão a chave para me libertar deste mundo ilusório, destas miragens gastas pelo tempo que não retorna, liberta-me das aspas, rimas e métricas apertadas, que degolam minha sede de viver na plenitude do amor divino, que nada julga, tão pouco, condena. Pois nada espera e nada gera de expectativas, pois não é humano. Não está preso no tempo e espaço – limitados. Ele é tudo que há, e nada do que queremos que seja. Apenas o é.
Kalynna Dacol
São Luís, 7 de fevereiro de 2019.