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Sim, eu beijo a santinha na cabeceira da cama todo dia quando acordo, quando me deito e quando saio de casa.Peço a ela proteção. Peço calada, mas sei que ela me ouve. Crença, vícío, mania, loucura. Seja lá o que for, sinto que me alivia, que torna mais leve o passo que dou.
Sou ruim prá reza. Um pai-nosso, uma ave-maria, e um agradecimento por mais um dia vivido. Sempre assim.
Antigamente era diferente. Uma conversa informal com Deus toda noite. Ele me ouvia e falava comigo. Depois, (houve um tempo), que parei de falar com ele. E joguei em seus ombros o peso das coisas que eu não conseguia carregar nos meus. Eu o culpei pelos avessos que vivi, pelo que ele me tirou, sem considerar o que ele me deu depois. Eu não queria uma troca, queria mais e mais. Sempre mais.
Demorei para amadurecer e perceber o tamanho do meu egoísmo,
da minha falta de humildade, de entender que o mundo era bem maior que o meu espaço.
Foi um tempo difícil. Nunca me senti tão só, tão desamparada.
Mas o tempo passa e cicatriza nossas feridas.
Tudo agora é passado. E passado passou.
Eu beijo o crucifixo pregado na parede do quarto.
Exagero!? Não sei.