A VIDA É INJUSTA
Di-la-ce-ra-do!
Se não lhe importas, escrevo novamente:
Di-la-ce-ra-do!
Ou seria falho, incapaz, abstêmio de amor...
Letargia
Jaz distante a fidalguia, a moral, o afeto
Tudo se foi abraçado em cova profunda
Não nego o fel se esvaindo pelos dentes
A volúpia condensada no peito.
Mil vezes rogo besouros na prateleira
Infetado pela dor abominável e seresteira
Nódoa crespa, instável, denso nevoeiro
Apocalipse do poeta, o poente caos
Arqueando, senescente, cancerígeno.
Resta a aurora gris na frente do espelho
O negativo da felicidade
A ojeriza que tem o porvir por arcabouço meu.
E não há saída!
Penso, mas não há...
Patas a me acalmar e me impedir de morrer
Uma morte lenta, convulsiva
Por vezes, leda, precisa e precoce.
Haja mar na escalada
Haja mel na escada
Sobretudo, a negra capa que me há de acompanhar
Sem filhos, indiferente aos berros
Levando à baila tudo o que de errôneo se fez.
A vida é injusta!