EU E O PASSARO
EU E O PÁSSARO
Acordo, com o canto alegre do pássaro, que acorda antes de mim; talvez, pensando que eu aproveite o seu canto matinal, para escrever mais um de meus poemas amanhecidos. E não é que ele está certo, em seu instinto de ave?!
Ao ouvi-lo, imitando o canto melodioso do rouxinol, num fim de tarde nevoenta, a inspiração parece sair como um bálsamo poético de notas cantantes, do bico da ave cúmplice de nossos desejos similares; achando-se em idêntica harmonia com a criatividade da alma poética, que não perde um só instante existencial, para tecer a poesia, delineando o poema.
Este pássaro doméstico, mesmo preso no pequeno espaço da gaiola, canta sempre com muita alegria no alvor do dia; e sabe que, ouvindo o seu cantar estridente, eu vou ao seu encontro, pra trocar a água, pra por o alpiste, tiririca, couve, maxixe, brincar com ele, ouvi-lo cantar mais de perto, e sentir, claro, a poesia brotando de sua destreza de animal alado.
E toda esta amizade saudável ocorre, sem que, um e outro, notemos o passar lento do dia; porque, mesmo que cada um cuide dos afazeres que lhes são peculiares, não esquecem um do outro: no canto, no assovio, na conversa amiga, no amor que os une, na poesia que se renova entre eu e o pássaro, a cada novo alvorecer do dia.
Escritor Adilson Fontoura