Rabiscos de aprendizado
A gente amadurece e a vida começa a dialogar sem muitas vírgulas. Começamos a experimentar a decepção, de maneira violenta, como quem não quer amenizar um termo com aspas. Falo de corações resolvidos e cúmplices de afeto, mas atordoados com uma tempestade, antes sem voz. Discorro sobre a projeção descabida do outro em mim. Cresci ouvindo muitos conselhos sábios, todavia não possuía a maturidade de aplicá-los nas minhas relações.
Hoje, compreendo bem o que é compartilhar o mundo com a insignificância - uma apunhalada dolorida nas costas. Por maior que seja o nosso sentimento, é preciso entender que não somos um. Essa é uma ideia que costuma romantizar e idealizar situações inexistentes. O gosto do que provo no agora, ou mesmo no passado ou no futuro, nunca será o mesmo que o de outrem. É necessário cautela e sabedoria no contato e na troca: menos pode ser mais com toda convicção.
Acontece que as realizações pessoais e a construção incessante daquilo que se pretende ser demandam autoconhecimento e apreciação da solitude. Viver o espaço, na companhia alheia, é importante, porém, nunca, será mais relevante do que confiar em si próprio(a). Cercar-se da família - aqueles que conhecem, verdadeiramente, a essência e as intenções - é fundamental no processo de olhar para dentro e apreciar o que se vê. O distante, jamais, saberá o que se passa dentro de você, independente do grau de intimidade.
Quanto mais cascuda a vida me deixa, mais aprendo que ninguém sabe de nada realmente. O julgamento, sempre, será maior que a cumplicidade: é o mau dos que são infelizes.
Portanto, viva. Saboreie e se descubra. Tenha confiança. Conheça seus princípios e busque o aprimoramento. Esteja com os seus, mas, sobretudo, consigo mesmo(a). O amor é expansão de palavras que, muitas vezes, não explicam o coração, nem mesmo a razão. Jamais, descreverão.