ESTA NOITE

ESTA NOITE

Esta noite,

nao consigo me concentrar

pra dormir;

penso em tanta coisa

e até sonho acordado;

(pode-se sonhar acordado?!)

penso que esta noite me acalenta

silenciosa;

talvez não durma,

porque minha alma, esta noite,

sem querer sair

de meu corpo,

o mantém desperto.

Minha alma pensa, nesta noite;

pensa de modo excessivo;

tanta coisa, tanta besteira;

meu corpo se mexe sobre a cama,

impaciente;

querendo dormir,

querendo sonhar dormindo;

mas continua sonhando acordado,

porque

minha alma não deixa

meu corpo dormir; não lhe deixa

curtir o repouso

de todas as noites;

meu corpo se chateia

com a incomoda insônia;

se cansa por está acordado;

somente minha alma parece não

se cansar de pensar;

resolveu pensar, sonhar em demasia,

fazer meu corpo

sentir desperto, que a alma que ele

abriga, ensaia a sua morte;

bem como, ensaia o seu voo

para a outra vida.

Meu corpo está exausto;

meus olhos estão entreabertos;

a cama está quente

e o meu corpo sua;

minha alma pensa, minha alma

sonha; o quarto está na penumbra;

vejo vultos, vejo gente, vejo almas

se movendo; umas choram,

outras sorriem; às vezes flutuam,

leves como lã; meu corpo se arrepia,

mas minha alma não se assusta;

meu corpo apenas olha pra elas;

umas estão quietas, outras se movem;

decerto o meu olhar carnal

se mescla com o olhar perispiritual;

meu corpo não fala, somente

olha pra elas; mas minha alma

fala com elas, uma fala muda,

estranha, porém, a voz nítida

de minha alma, ecoa como um canto

suave de pássaro noturno

no quarto em meia-luz;

não me parecem almas ruins, estas

que me fazem companhia no quarto;

talvez,

precisem de auxílio, de consolo,

que lhe são concebidos por outras

que chegam repentinas num foco

de luz; (mentores amigos, anjos

de guarda, hostes celestes);

meu corpo já não sente angústia,

insônia, não perturba-se

diante do inusitado; sente sim,

uma leveza de sono profundo,

uma paz benfazeja;

meus olhos continuam entreabertos,

todavia, a visão é mais perispiritual

do que carnal; de súbito,

vejo minha alma saindo de meu corpo;

vejo-me em perispírito,envolto

em intensa luz; as entidades presentes

me cercam sorridentes;

uma estrada, um portal luminoso

se abre a nossa frente;

ainda é madrugada; na plena noite,

uma plêiade de bons espíritos

me conduzem a pátria espiritual;

até então, nao morri;

mas é um ensaio de morte;

meu corpo agora, dorme sereno,

profundamente.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 31/01/2019
Reeditado em 30/10/2020
Código do texto: T6563804
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