NOJENTA DEPRESSÃO
Ontem venturoso... abençoado... e tristécio
Hoje, porém, lamentável... maldito... e triste
Paradoxal tempo de minh'alma
A vida é mesmo uma merda!
Um asqueroso excremento a que pisamos em nossos tantos caminhos
Uma nauseabunda e nojenta depressão!
Ao que me embriago pelo trago de um vinho morto e sem sabor
(pelo menos no que presentemente sinto)
E destarte quão digno de dó eu sou!
E eu agora a me sentir sozinho e tristonho!
Com meus úmidos olhos a que murchos estão nesta hora
E sou, portanto a própria tristeza que a si mesma se admira
Dos olhos faltos, pois d'alegria onde tudo o mais perdeu sua graça
De minha essência a se fazer hoje pura aridez em seu deserto
Qual enclausurada solitária a s'estar no vácuo d'algum intestino qualquer
Quisera a vida eu fosse nest'instante um’alegre e bem disposta lombriga
A que enamorada d'outra igual ascárida com ela então estaria
Em perfeita comunhão de dor, tristura, tédio, melancolia...
Oh! quem me dera... se assim o estivesse!
E na envolvente fragrância daquele recinto em seu singular odor
A permitir-nos levar pelo natural e circundante clima
A que dançaríamos sob a ebriedade de su'aragem, tão envolvente!
E nos abraçaríamos... e nos beijaríamos
Sem pudor, sem medo. sem vergonha
N'expressão de nossa, pois sacra liberdade
E no final, com o maior dos regalos... a fazermos amor
A esquecermos... nossas angústias... nossas dores
Ah! oxalá assim fizera!
E destarte, concluo o que anteriormente disse:
"A vida é mesmo uma merda"
E, nest'instante, quem me dera se ela, pois bebesse um eficaz laxante
A que me expeliria deste cu de mundo!
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24 de janeiro de 2019