PASSO A PASSO, ME SEGUES!
PASSO A PASSO, ME SEGUES!
Passo a passo, me segues;
pisas comigo no outono de folhas secas
caídas no chão, onde as sombras
das árvores se refrescam ante
a ausência do sol que agora se põe.
Passo a passo, me segues;
sentes comigo no outono, o cheiro
maduro das frutas, prestes a caírem
das árvores, já comidas por aves
famintas, que levam nos bicos,
a polpa doce das frutas,
aos filhotes que as esperam
famintos nos ninhos.
Passo a passo, me segues;
olhas comigo no outono, a beleza
da natureza sendo perfumada
pelas frutas outonais; aprazes
comigo, quando o vento passa suave
e deixa, nos recantos das sendas
campestres, a alegria das folhas
viçosas, por servirem de alimento
vegetal às formigas operárias.
Passo a passo, me segues;
curtes comigo no outono,
o sossego das árvores que margeiam
os caminhos ermos por onde
passamos, pisando sobre as flolhas
secas, cujas seivas, nelas inexistentes,
não mais lhes nutrem de vida vegetal.
Passo a passo, me segues;
deixas comigo no outono, os rastros
de nossas vidas carnais e espirituais;
os rastros que o vento apagam,
varrendo a poeira sobre as folhas
secas; as pisadas conjuntas
de duas vidas distintas, que passam
pelas estradas outonais,
enquanto novas folhas caem viçosas,
e novos frutos caem maduros;
no silêncio da noite, onde só as almas
despertas, ouvem o ressonar
das árvores que sonham acordarem
sonolentas em novo dia outonal.
Passo a passo, me segues;
ouves conosco no outono, poesia,
o canto do vento que suaviza
e traz leveza aos nossos passos
carnais e espirituais;
o canto do vento outonal que se mescla
diuturno nos dois planos distintos;
nos quais habitam duas vidas distintas;
que vivenciam simultâneas,
os passos alegres pelas veredas
outonais; acolhendo o sorriso cúmplice
das árvores, que ladeiam
as ermas sendas, onde também,
além de nós, outras almas, outras gentes
seguem os nossos passos,
que anunciam novos outonos:
repletos de folhas viçosas, de folhas secas,
de frutas maduras, de ventos andejos,
de árvores frutíferas frondosas,
de almas e corpos caminheiros,
da poesia que motiva compor o labor
que dá forma artesã ao poema outonal.
Escritor Adilson Fontoura