QUEM É VOCÊ ?
Hoje, vigésimo segundo dia do novo ano de 2019, terça-feira, oito horas e cinquenta minutos, escondido em meu quarto, ao som da chuva que cai, eu fui assaltado repentinamente pelas lembranças de outros tempos. E nessas lembranças, o 'beija-flor', aquele mesmo de outrora, resolveu aparecer.
Quem és tu?
Que és tu ave inocente?
A vagar nas ruas tristemente,
Quem és tu afinal?
Teus dias são segredos,
Tuas noites mais frias,
E os lugares mais esquecidos.
Tem as mulheres um poder indescritível sobre os homens, poder de dominá-los e usá-los, para fazer deles o que bem quiserem. O homem desprovido de suas forças, se rende a um olhar, a um sorriso feiticeiro que lançado pela mulher faz do homem prisioneiro, todo homem é um prisioneiro.
Estou em seu quarto neste momento, o beija-flor escuta músicas enquanto eu escrevo. A sua face está primorosa, brilha mais que o sol, os olhos, os lábios, tudo enfim, reluz de forma magnífica. Diante de um ser tão formoso, eu não vou conseguir concentração para minha escrita. Me tornei um prisioneiro, um autêntico escravo do beija-flor.
Quem és tu alma aventureira?
Tu que voa contra os eventos,
Buscando a dor,
Em teus sonhos confusos e errantes,
Buscas porventura o amor?
Ainda tenho gravado em minhas lembranças cada detalhe de todos os momentos, de todas às horas, aqueles instantes e segundos. Se o que sinto não for amor, o que é não sei. Nós somos fracos, inocentes, humanos apenas. Somos dominados pelo amor, somos maltratados por esse sentimento tão desumano e ao mesmo tempo... Tão prazeroso e sem razão.
Ela é um beija-flor, uma rosa, diz certo escritor; que há dois momentos em que a rosa, a flor da beleza, tem para ele irresistível encanto: É quando desata as mil folhas ostentando o brilho das cores e a régia altivez de sua coroa; e quando desfalece ao beijo ardente do sol, evaporando das pétalas plácidas o pálido matiz e o aroma sutil.
Que és tua alma aeda?
Em teu seio lateja a ferida,
Poucas alegrias,
E nesta vida amarga,
Choras todos os dias.
Esse beija-flor, assim como a rosa descrita pelo escritor, tem em seus olhos um brilho tímido e estranho, ela tem em seus lábios a doçura amarga de um sorriso que se perdeu. Essa majestosa ave, tem em sua face, o encanto saboroso da vida. Eu a amo, e amo o seu perfume inebriante. Nela fixo os meus olhos, mas ela não pode me ver, eu a beijo no pensamento, ela corresponde aos meus beijos, eu declarei todo o meu intenso amor, silenciosa, atenta e imóvel, ela responde com o olhar.
O beija-flor desperta loucuras, inveja até mesmo o luar. O beija-flor, misteriosa ave, ama, e é amada, vê, e está sendo admirada, beija, e será beijada. Beija-flor impetuoso, devastador de corações e almas, o cupido não ousa aproximar-se dessa ave, pois ela, roubou-lhe todas as flechas contendo o amor.
Quem és tu coração misterioso?
Quem é esta ave magnífica?
Quem é esta flor?
Quem é este belo beija-flor?
Afinal poeta, me diga, quem é?