três cigarros antes de dormir
O calor no Rio de Janeiro é a prova de que o inferno é um lugar fresco. Tive que me levantar da cama, ela queria fumar. Eu não sentia saudades do sol mesmo que devesse ligar a lanterna do celular para iluminar meu caminho pela varanda. Resolvi não acender as luzes, pois meu cachorro já se encontrava em seu sono profundo. E lá estava ela, sentada à mesa, com o corpo suado e um cigarro em sua boca. Quis ter pensado em algo para dizê-la, no entanto senti a conexão do silêncio entre nós se desviando da fumaça que ela expulsava pela boca.
"O que foi?" ela me perguntou.
"Nada. Estou só aproveitando o momento, o calor." Sussurrávamos. Talvez fossem três da manhã, não me recordo, e não dei importância para a hora. Queria falar algo, embora não me sentisse incomodado pelo ambiente. Às vezes isso acontece. Não temos o que dizer, apenas sentimos as horas, a companhia, a respiração ofegante um do outro. Ouvia seu cigarro sendo tragado, o fogo consumindo o tabaco, a nicotina, e as outras toxinas nele presentes. Sua boca seca me impulsionou a beijá-la. Feito isso, me levantei e fui espiar a rua por cima do portão. O amor e os estalos das luzes amarelas dos postes eram tudo que se podia ser escutado nesta noite. Abafamos alguns gritos internos, ninguém merece acordar de madrugada.
"Vou entrar, tá?"
"Tudo bem. Daqui a pouco eu vou tomar um banho."
"Já estarei dormindo quando você entrar no quarto."
"Não me espere."
"Não vou."
Percebi que ela deixou o maço e o isqueiro em cima da mesa. Acendi um cigarro, então, pensando no jeito que ela me olhava, apreciando o céu vazio, lembrando do que aconteceu horas atrás, dias atrás, e como a caminhada tem sido neste começo de ano.
O verbo ficara preso em minha garganta. Fumar não solucionou em expulsá-lo de sua prisão. Terminado, recolhi suas coisas e entrei. A água em minha cabeça vai ser capaz de me ajudar a dormir, pensei.
O calor no Rio de Janeiro é a prova de que o inferno é um lugar fresco. Tive que me levantar da cama, ela queria fumar. Eu não sentia saudades do sol mesmo que devesse ligar a lanterna do celular para iluminar meu caminho pela varanda. Resolvi não acender as luzes, pois meu cachorro já se encontrava em seu sono profundo. E lá estava ela, sentada à mesa, com o corpo suado e um cigarro em sua boca. Quis ter pensado em algo para dizê-la, no entanto senti a conexão do silêncio entre nós se desviando da fumaça que ela expulsava pela boca.
"O que foi?" ela me perguntou.
"Nada. Estou só aproveitando o momento, o calor." Sussurrávamos. Talvez fossem três da manhã, não me recordo, e não dei importância para a hora. Queria falar algo, embora não me sentisse incomodado pelo ambiente. Às vezes isso acontece. Não temos o que dizer, apenas sentimos as horas, a companhia, a respiração ofegante um do outro. Ouvia seu cigarro sendo tragado, o fogo consumindo o tabaco, a nicotina, e as outras toxinas nele presentes. Sua boca seca me impulsionou a beijá-la. Feito isso, me levantei e fui espiar a rua por cima do portão. O amor e os estalos das luzes amarelas dos postes eram tudo que se podia ser escutado nesta noite. Abafamos alguns gritos internos, ninguém merece acordar de madrugada.
"Vou entrar, tá?"
"Tudo bem. Daqui a pouco eu vou tomar um banho."
"Já estarei dormindo quando você entrar no quarto."
"Não me espere."
"Não vou."
Percebi que ela deixou o maço e o isqueiro em cima da mesa. Acendi um cigarro, então, pensando no jeito que ela me olhava, apreciando o céu vazio, lembrando do que aconteceu horas atrás, dias atrás, e como a caminhada tem sido neste começo de ano.
O verbo ficara preso em minha garganta. Fumar não solucionou em expulsá-lo de sua prisão. Terminado, recolhi suas coisas e entrei. A água em minha cabeça vai ser capaz de me ajudar a dormir, pensei.