Depressão da desistência
Da janela do seu quarto ele via amanhecer
um pouquinho de desespero
-Daqueles que você é obrigado a ignorar se quiser agir a vida.-
Despontava lentamente, crescendo junto com a luz rala.
Sol mesmo, quase não se via...
Ou não se notava, ele não sabia
se o que faltava era esperança ou vergonha na cara.
Como diziam, certeza que era pura preguiça
Porque da sacada não se podia ganhar a vida, nem valer a pena a despedida.
Bem, ele evitava a despedida,
e a vida, de que se espera tanto, também o evitava com toda disposição
- que ele há muito ele não possuía.
Não via graça em maquinar o próximo passo,
Era fatigante imaginar todo dia
Como deveria ser o fracasso.
Nem uma derrota ordinária ele conseguia!
Pois bem - pensou- que assim seja!
Que essa lança cravada ao lado seja sentida a cada novo desespero que lampeja!
Suas mãos suavam, a cabeça girava,
total arrependimento pelo álcool que insistia em manter no sangue.
Não há glória, nem culpa, em morrer completamente
antes de que se mate a carne.
Porque a revolta, antes inócua, de fato
Fez corroer
o que sobrou daquele inútil recato