LINGUAGEM
LINGUAGEM
Sigo os passos
artísticos da linguagem,
que me ocorre em qualquer instante
num simples ato imaginativo.
Essa linguagem brota
de paisagens interiores e exteriores.
Às vezes,
ela é fruto da alma ativa no corpo
físico. Ou resultante de lembrança
de sonhos, quando ela esteve também
ativa nas andanças astrais.
Não importa, assim,
em qual estado existencial,
a alma me inspire escrever. Contanto
que me ofereça motivos
interessantes para que pinte na tela,
as palavras articuladas
que dê um sentido criativo ao texto,
seja em prosa, em verso,
ou em prosa poética, consistindo
no ofício criterioso
de exercer a arte literária.
A linguagem pode vir:
repentina, espontânea, sorrateira,
preguiçosa, apressada,
mas expressando a boa vontade
de chegar para compor o texto.
Já estou habituado a receber o limiar
linguístico, de modo bem natural,
como quem sabe
que os fatos ocorrem rotineiros,
todavia,
destinam-se a renovação contínua
no processo de mover e existir
das coisas, e apraz-me (a minha alma)
as descrever pela linguagem
instantânea,
transformando as coisas, as paisagens,
em simples retórica
da inspiração idealizada.
Não há, enfim,
um tempo programado da linguagem
fazer-se presente,
para compor o texto literário.
Mas há, por assim dizer, uma certa
assiduidade de sua presença,
no tempo oportuno de aptidão da alma
escritora. Que escreve em qualquer
momento, movida pela lucidez
do influxo inspirador.
Aprazendo-se, cada vez que a linguagem
lhe surpreende
com o simples fazer literário:
desde os fatos ocorridos no cotidiano,
a lembrança dos sonhos,
que revelam as ações da alma andeja
no outro lado da vida.
Escritor Adilson Fontoura