Pimentinha

Pimentinha

Quem matou Elis? ..só moça mulher pode se habilitar a entender. Moço homem não alcançaria...talvez.

Aquela voz chorosa, melodiosamente sonora. Única! Era somente dela. Não houve outra, nem haverá.

Clarinete com pistom, piano bar e violão.

Baixinha ardida, com voz de sabiá com canário. Porreta de braba. Guardava a mulher Elis.

Deveras não tenha usado o melhor que tinha dentro. Passou, pariu, abafou o gemido, dormiu na cama fria, gestou e criou guris, ao que tudo indica, sem a parte que contribuiu dar causa aos fetos.

Cantou para vazar o pus, se rebelou em face da angústia o quanto pôde.

Até que cantar ficou menor, imunodepressores e estimulantes não anestesiavam mais. Não deu.

Deus, nestas alturas não era ouvido, visto, pregou amor e liberdade, apagou tudo como pisadas na areia. O barco afundou.

Partiu.

Daqui ouvimos o eco de sua voz, chorosa pedindo sentido para viver a vida que tanto viveu nos cânticos, que até hoje alimenta almas.

Quando ouvi sua voz, que saia de um sebo de cds antigos, numa cidadela mineira, na minha idade juvenil, não deixaria mais de ser sua fã.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 13/01/2019
Código do texto: T6550255
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