Mato no Mato e não Me Mato

Ainda atinjo um ideal utópico: Vou embora pra uma fazenda,como antigamente,pra cuidar de vacas e cavalos com meu pai;hoje meu filho teimava em deixar um giz na minha mão. E eu ousei ignorar os sinais.

Mas não vá pensando que serei um roceiro mastigador de brachiaria; eu sou mineiro e tenho orgulho do mato,sou bem informado e não sou brega não.

A noite eu tenho biblioteca pra abstrair. Não abstrair é pior que dor de dente; é doença daquilo que mais precisamos. Salomão,Whitman e Pessoa,a poesia de Adélia na mesa pela manhã e um copo de café.Amor se tiver tem que ser mais confortável que sofá e histórias de avó;de tão bom inenarrável;tela de Van Gogh que você fica alí babando com os olhos,em silêncio ininterrupto.

Em cima da mangueira quero apreciar o dia. Minha mãe não virá me bater pra eu arrumar cozinha. Ela dormira há muito tempo.

Vou lá no pé da montanha buscar a nelore perdida. Sentar no tronco da velha árvore tombada,e ter uma boa prosa com Jesus. Modão pra mim nunca esteve na moda,arre égua que coisa ruim!Eu sei que o Mestre gosta de mato e de montanhas,e lá, o encontrarei mais a vontade. Yeshua está cansado de tijolos e sofismas,creio que ele me entenderá perfeitamente.

(Jaque Reiss)

Poeta de Borralho
Enviado por Poeta de Borralho em 10/01/2019
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