Crianças, ciclistas e cirandas
Pedalo entre trilhas, asfalto e sentidos. Trocando as marchas e alguns olhares sortidos. Se passam 15 km, descanso um pouco para sentir meus pulmões. E noto muitos jovens vivenciando suas paixões.
Crianças curiosas aproximam-se e sorriem, desejosas por conhecer o estranho Zé ninguém que contempla os patos do Ibirapuera.
Empático, começo minhas musiquinhas infalíveis e homenageo também o criativo poetinha Moraes. Uma ciclista interessada pelas notinhas afáveis,
cantarola comigo e mata alguns versinhos e construções gramaticais.
As crianças entediam-se com minha parceira desafinada. Como último recurso, improviso uma piada que surte o efeito esperado.
A platéia se vai, correndo e cantando, aos braços dos pais e repetem para eles a bobagem nova que aprenderam. A nova fã, na sequencia elogia: "tú é divertido e canta melhor que muito cantor!"
Sorrio e retribuo: "o segredo é muito simples..."
Paro por cinco segundos e aguardo o sorriso dela cessar, antes de concluir: "Cante sempre com verdade, cante sempre com amor".