Pergunta indiscreta
 
 
Ah! Moço, não me procure nos meus poemas
Eu não sou uma poeta...
É meu corpo que à poesia empresto
Não vivi os amores ali descritos,
Até os invejo, confesso!
 
Sequer fui a musa de um poeta,
Em poesia eternizada
Amante secreta, velada, desejada
Moço, não sou musa nem poeta...
É muita responsabilidade
Ser porta- voz dos sentimentos da humanidade.
 
Nunca rimei  amor com solidão
Não sucumbi aos arroubos da paixão
Não conheci o toque do amor no coração
Não moço! Não vivi isso não.
 
Mas, sinto dores e agonias...
Até parece que amei um dia
Sofro com personagens
Esquecendo que são inventados
Escrevo para meu poeta amado,
Cujo rosto me é velado
Sinto solidão, por mim mesma projetada.
 
Tudo é ilusão de uma pena sentimental
Que faz a gente acreditar que a poesia é real
Moço... eu fantasio que tudo isso já senti
Que eu também estava ali
Em cada verso que escrevi.
 
 
Ah, Moço! Encontre - me  nas entrelinhas
Do uivar do vento
Não me veja como poeta
Que finge até a verdade
Sou a mentira das poesias rabiscadas.



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