e-Motion-less-ness

O Cosmos vibra na intensidade do corpo em movimento. Quando cintila a luz, aquece o calor, todas as partículas dançam. Assíncrono, doído e caótico o pulso de energia faz a matéria plástica e bonita. Os ombros rotacionam contra uma dor antiga, enquanto os olhos choram secos e as mãos se voltam ao céu, isso que é uma certa loucura: a de ser humano.

As pernas se estiram em espasmos sobre a areia movediça. Sem direção, músculos e ossos conduzem uma coreografia totalmente nova sob o infinito negro e desconhecido. Não é necessário entender.

Dançamos como se para aplacar um choro constante e inicial. Dançamos como propósito e instinto, comunicando o que não suporta a gramática.

Os cabelos molhados lambem a testa e pescoço. Os sumos do corpo são como um sacrifício pagão. Estão molhadas as vestes, enquanto ficamos despido de artifícios, mas cheios de uma voracidade primordial. Os braços em movimentos como de asas elevam a um voo para fora de si, o ápice da existência. Incursão no que é mistério.

Dançamos, pois é a única coisa que podemos fazer, a única medida que podemos tomar. A vida só existe no corpo, o corpo só existe na dança.