Alma, Sua Palma!
Sai e volta, volver. Entra e fica, sem o que fazer. Movimenta, encosta, vira e se vira. É assim a rotina, dentro dos Cômodos da Casa.
Acaba sempre de apreciadora, se dá a consumista, a imediatista, a devoradora do fulgas, do passageiro, esquecera do tanto que tem guardado.
Não quer saber que teve, que tem, que sabe, que soube, que subiu, quefoi nas nuvens, que visitou os porões.
Não quer rever, reler, relambrar ! Não cabe mais. Quer o hoje, só hoje! Até que o amanhã chegue.
Consome o riso, a mercadoria do agora. Quer viver, ter para o estômago, cada vez mais pequenino.
Do rolo à vantagem, do bolo à fatia, do embolo ao fio da meada, tira e põe sal grosso, açúcar no salgado, sal no doce, menos em carne podre.
Experimenta, come, se lambuza, sob os dois olhos dela mesma.
Faz roda, usa, descarta o que foi ruim, e o bom que perdeu o gosto.
Sabe que é assim, tem sua casa, elástica, de infinitos cômodos em potência.
Faz dela choupana, mansão, casa de veraneio, oca de índio. Até jangada em alto mar. Tudo para tornar massa sovada de Deus. Que tira os ciscos, em amor, dando corda para continuar atuar.
A casa é dela, Alma, a casa é dela. Faz do seu jeito.
É assim, sempre foi.
Atributo divino, a Alma e a casa. O dom de criar cômodos, adorná-los ou não, é do homem.
Alma, sua palma! Alma, sua palma!