Amada
Eu também, posso dizer
Nunca fui amada
Assim, como um bem-querer
Quem disser que sou triste,
Haja visto o meu olhar,
Saberá que lá no fundo
Eu saberia bem amar.
Nem sequer o triste fato
Ser amada seria um fardo
Pois a fartura de sonhos
Endurece o passado.
Os anjos que nos protegem
Sempre dispostos a flexar,
Um coração endurecido
Pela falta de amar.
E o céu, esse infinito
Apaixonado pelo luar
Encanta os meus olhos
Prestes a suspirar...
Suspirar, quem diria
Não faz parte do amor
Mas da mágoa que destroi
A mais Corbélia flor.
Sem jamais pestanejar
Coloco as flores no cabelo
Uma vestimenta diáfana
Para conquistar o mundo inteiro.
Especulando a minha dor
Como disse a princípio,
Nunca ter sido amada
Coloco a culpa no destino
Pela minha sina almada.
E assim, busco sempre
Quem na vida, na morte ou além
Possa preencher esse vazio
Que define bem.
Traduzo meus verbos
E tempero o meu olhar
E sempre que eu disser
E sempre que eu pedir
Esteja sempre a postos
Destino a me trair.
É um fato corriqueiro
Que o amor verdadeiro
Coloca tudo em desgosto
Nessa busca enlouquecida
De uma vida bem vivida.
Eu conheço o que devia,
Eu desejo o que me corrompiria
E nem sempre, lembro
Que não devo ser amada
Por mais que queria.
E como sempre, desconheço
Quem hoje dê um preço
O mais oneroso que seja
A essa causa de amar.
Ao princípio se retorna
Mesmo hostilizado, retorna
Faz o destino se esquivar
E o amor enfim achar.