Perda
Estou tão triste e conformado, é como tirar os pés do sapato e andar neste chão frio descalço, ficar doente e se enterrar no cobertor, é algo aconchegante... mas... o sol desperta e bate a solidão, as cobertas aquecem meu peito, crianças deitam na grama, jogam bola e eu tomo chá quente da janela, sinto o aroma do ar puro e o latido do meu pequeno poodle, meus gatos se roçam nas minhas pernas pedindo para sair daquele quarto que mesmo com a luz do sol iluminando, fazia frio... me arrasto para o telefone e não tem recado, desapontado e conformado retorno para o meu quarto, deito e cochilo... acordo com a campainha e corro até a porta, era o carteiro me entregando um bilhete, dizia ele, aquele pequeno fragmento de papel: "tenho saudades suas".
eu desabei no ombro daquele desconhecido trabalhador e sussurrei em prantos "logo logo a verei, assim que me libertar desta prisão" me levantei e logo me desculpei com o novo amigo que me desejou sorte e forças... eu grato, aperto sua mão e fecho a porta delicadamente como se estivesse tocando em seu corpo, me encosto na parede e sinto levemente seu cheiro, me julgo pelas quatro paredes daquela sala branca que espelhava seu doce rosto, com a neve que acumulava na janela... o doce frio da janela, igual a de meu peito... aperto no coração, choro na alma, o chá novamente esfria... ele fica tão melado e frio, desce de forma desagradável pela garganta...
Estava engasgado com o seu amor, estava mudo com a frase entalada em minha garganta.
"Eu te amo"