"Nudez"

Minha rebeldia causa-me recesso, impede meu ser liberto, confunde-me e me coloca em total abstinência. Não escrevo, não penso. Só sofro, num martírio motivado pelo vago, pela iminente dúvida. Dúvida! Ameaçadora e onipresente.


Ter o certo, almejando o errado. Dedilhando notas musicais ébrias de significados, ressoando canções insípidas, desejando o gosto do inaudível.

Não avance na leitura implacável, ela conduz ao nada, mostra apenas minha força adormecida. Sim, eu estou escondida num profundo sono.

Já não falo e nem escrevo frases sóbrias, estão imersas no ópio, assim como eu, imersa em transe profundo.

Respiro. Dirijo meu olhar, mas nada vejo. A realidade é apenas uma vaga metáfora: semelhante, analógica e substituível.

Volto ao sono temporário desejando o meu próprio despertar. Quero palavras congruentes, inteligíveis e sóbrias. Eu as quero como roupagem, cobrindo-me da nudez que ora me castiga.