Minha Infância
Certo dia, surpriendo-me pensando sobre a infância... Nostalgia do momento, e a saudade esta se encostando. Engraçado que mesmo após muitos anos é possível sentir os mesmos sentimentos que tínhamos aos oito anos de idade.
Relembrando de momentos viajamos no tempo como se lá estivéssemos, só que agora como expectadores. É incrível como nosso cérebro trabalha, vamos sentido dor, alegria. Um fogo enjaula-se no peito, respiração ofegante, e começa a sensação de estar vivenciando tudo de novo em questão de segundos.
E parece tão mais belo o passado, acreditamos que aquele tempo era melhor que hoje. Mas, isso é apenas uma percepção. Pois, a diferença que tem o mundo da nossa infância, para o mundo de atual, está descrita somente em uma frase: - Éramos crianças!
Crianças são uma magnitude divina, é incrível como há limpidez da verdade, da ingenuidade, da esperança, da paz e da alegria. O que não conseguimos sentir nas pessoas no mundo atual.
Crianças são felizes porque nada as machucou, ao menos é pra ser assim, elas são amadas, não tem que tomar decisões serias, estão protegidas e seguras.
Nós adultos, já passamos por várias situações, conflitos, ingratidões, deixando-nos mais recolhidos e ressabiados. Não nos lançamos de primeira em um projeto sem antes pesar os prós e os contras. Agimos cautelosamente e desconfiados até termos certeza que tudo ficará bem. Não existem mais contos de fadas.
Quando criança é permitido sonhar ser o Airton Senna da fórmula 1, e não há contrariedade, ainda são elogiados pela criatividade e escolhas almejadas. Meninas sonham e em ter um grande amor, e acreditam que terão. E é nisso que está à beleza maior de uma criança. É poder dizer e ser como quiser, acreditar, e sonhar que tudo será concretizado. E que nenhuma dificuldade atravessará a caminhada. E mais bonito fica, é perceptível a inocência e ingenuidade, o que nos falta nos dias de hoje.
Lembro-me de andar cavalo, havia cheiro de eucalipto, o trote, o barulho das ferraduras do animal eram o único som no meio do campo semi-árido, anoitecia, e alguns bandos de pássaros passavam para se recolher, tarde agradável, sensação de paz no interior, empolgada pela vida toda que viria. Ah.. Se soubesse... Como ansiaria que aquela sensação não acabasse mais. Achava que todos os dias deveriam ser assim, e dormia para ao acordar experimentar mais uma sensação igual aquela do dia anterior. E na grande maioria das vezes, experimentava.
No auge do verão o calor era maravilhoso, não parecia tão quente como hoje, mas consigo sentir a sensação de estar na sala da casa de meus avós, com roupas decotadas, e era assim que sabiamos que era verão, sempre amei o calor, tudo parecia mais bonito, o som o ventilador que produzia um vento aleatório, gostoso de senti-lo. Sabia que no fim da noite, logo após o jantar, haveria um passeio a sorveteria, onde sempre pedia casquinha com flocos, eu amo sorvete na casquinha.... Que vontade de repetir.
Hoje no verão quase não saio para comer sorvete. Prefiro comprar no mercado e ficar em casa assistindo alguma coisa na TV. Não, falo que isso é ruim, também é uma coisa maravilhosa de fazer; porém sabemos qual efeito e isolados ficamos do mundo lá fora. Convivemos menos com as pessoas, e deixamos de comer casquinha, não porque deixou de ser bom, mas porque sabemos que é possível comer sem ela, o que nos faz não gastar numa “bobagem” de casquinha de sorvete.
Saudades tenho da infância da minha vida... que se possível pra lá voltaria, onde sonhos, planos e desejos se realizariam, na ingênua mente, da criança que crescia.