Na Parede
Sorrisos Congelados,
pele pedindo retoques.
Não perdi o habito de beijar a minha mãe.
Tão pouco, de pedir bênção ao meu pai ao me deitar.
As portas aqui de casa andam rebeldes com o vento.
Estranho !
Porque os cabelos de meus pais não se embaraçam com o vento ?
Bem que poderiam mudar o penteado de vez em quando.
Porém, não mudam.
Permanecem intactos.
Queria tanto poder emprestar meu pente aos meus pais.
E tenho dinheiro suficiente para comprar um lenço novo para a minha mãe.
Mas, acho que ela não anda querendo.
Ah, como queria vê-los separados.
Pelo menos por um dia !
Mas não,
lá estão eles.
E o vento ?
Esse continua aprontando das suas traquinagens.
Não ha´de ver que ando ouvindo os os velhinhos nos balanços !
Tomei uma decisão,
vou vender a minha memória
Irei tentar vida nova lá fora....
Penso em não levá-los comigo.
Mas, a saudade....
Ah! A saudade.
Essa irá comigo,
vai estar por toda parte.
Autor: Francisco de Assis Dorneles