Esquecer, perdoar, se apaixonar
Esquecer é tão bom quanto se apaixonar.
Quando esquecemos alguém que formos apaixonados ou amamos, inconscientemente sentimos a mesma euforia e sensação a qual temos quando estamos apaixonados.
Nesse momento nos sentimos libertos, exatamente por retomarmos as rédeas de nossas vidas. Tornamo-nos livres de nós mesmos e de todos os sentimentos que nos angustiavam com tantas lembranças.
Mas, esquecer não é fácil, assim como perdoar também não o é. Leva um tempo para que a ideia se concretize e o desapego se entrelace dentro de nosso peito e principalmente dos nossos pensamentos.
Somos presos quando nos prendemos a certos dogmas; e temos liberdade, quando nos libertamos de pensamentos... de todas as opressões e conflitos criados por nós, a nós mesmos.
Com o tempo aprendi que o sofrimento faz parte desse processo libertador. Sabia que essa caminhada seria árdua, tortuosa... poderia ser perigosa; porém, de certa forma, tinha certeza que ao final valeria a pena.
O fato de esquecer e perdoar, nos liberta de todas as inquietações, angustias e tormentas. Deixar sofrer é o caminho para se chegar ao resultado.
Não há regras e nem mandamentos a serem seguidos. Com simplicidade me permiti à lembrança quando bem quero, aprendi a conviver um tempo com a dor, e aquecer-me nas noites frias e solitárias. Havia confiança que isso iria passar, mesmo não sabendo quanto tempo levaria.
Quando entendemos que as dores foram embora, nos damos conta que adotamos o caminho certo. Pois, a sensação de liberdade que nos acomete depois que deixamos de amar é como uma experiência regada por sabedoria que empregamos a esta jornada.
O amor que parecia matar pela ausência, simplesmente vai deixando de fazer parte da nossa vida.
Continuo a me permitir lembrar do passado, quando, da forma e a hora que quiser, ele não dói mais, algumas vezes até sorrio... algumas das experiências vividas tornam-se até engraçadas. O amor que um dia achei que era pra uma vida, deixou de ser o amor do presente e provável não será o do futuro.
Tão mais fácil é quando nos regamos de realidade e deixamos algumas coisas nas mãos do tempo. O tempo, em muitos casos, é nosso melhor amigo.
Silenciar com as lembranças é apenas um reflexo da literalidade da ocasião. As lembranças não amarrotam mais.
Aprendi que aceitar a realidade e os sofrimentos da vida é mais vantajoso que não admitir a verdade.
Aprendi a levar cada momento, por mais dolorido e sacrificante que seja com resiliência e humildade, isso é uma tarefa complexa. Pode acreditar.
Procuro tirar um propósito de todas as situações, mesmo as que não estão de acordo com minha felicidade. Não há situação no mundo que com a vivência não podemos retirar um pouco de brilho. Tudo pode ser levado para o campo do aprendizado e conhecimento. E é assim que a cada dia me torno uma pessoa melhor.
E quando me perdoei de verdade, consegui retirar todas as magoas e raiva escondidas em algum lugar dentro de mim. Perdoei pessoas e principalmente perdoei a mim mesma. Entretanto, algumas coisas não é porque perdoei que relevei... apenas prefiro seguir o caminho de alma limpa, transparente, da paz interior e sem deixar de sonhar.