Coração Urbano

Tento ser mais que os meus instintos.

Sou um bicho-fera,

Nasci nas pedras.

Meu destino é ser urbano.

Esta selva me ensinou a surfar no asfalto.

Assim,

todos me chamam.

Posso até me quebrar como a um vidro.

Mas estou alerta quando tudo se inflama.

Aqui, todo dia há perigo.

Todo animal territorialista sabe o que fazer.

E pode crer,

eu não desisto assim tão fácil.

Tô na luta,

faço o que tem de ser pra defender o meu espaço.

Vida insana.

Vida urbana.

Vou juntando meus pedaços.

Na selva dos espigões sempre haverá quebra de regras.

E um coração jovem deve aprender desde cedo a saltar.

A não se prender a nenhuma ortodoxia.

Regra número um, baby,

seja livre.

Faço dela o seu dia a dia...

O caminho é voar.

É voar...

O caminho é voar.

É voar....

Evite se prender,

rejeite todo laço.

Nunca fui dado andar na mesma calçada.

Por isso lhe digo,

vá além.....

Mas,

não acredite.

Duvide de mim,

e todos também.

Oh! Meu bem!

O!, Meu bem!

Ainda sei sonhar com a lua.

Prefiro os girassóis,

não acredito em linhas retas....

Gosto das tuas curvas, baby.

Estar com você é fletar com o abismo.

O que é a vida senão novas descobertas.

Vou vivendo as minhas guerras.

Vou plantando a minha paz..

Vou ganhando a cada rua.

Tem dias que sou rock,

noutros, apenas jaz.

Quando não se tem um teto é preciso a prender a dançar bem cedo.

Já me dizia um velho sábio dessa vida nua:

Garoto,

não tenha medo.

Faça o teu enredo.

Tome cuidado,

proteja a tua vida.

Lembre-se,

a cada esquina haverá um segredo.

É por isso que eu digo:

Tô na luta

Tô na vida

Sou chegada,

também partida.

Sou o meu próprio circo urbano.

Não se iluda tanto assim,

não vá acreditar tanto em mim.

Também posso mentir que te amo.

Que te amo.

Dizem que a vida é o mais do mesmo.

Ou o tedioso ano de um colégio interno.

Por isso, onde piso não deixo endereço.

Quer sobreviver?

Aprenda a tateá-la como um cego.

É preciso ler nas entrelinhas........

O essencial não foi feito pra ser ver.

Consegue me entender?

Faço parte desta selva.

É aqui que aprendi a lapidar as minhas pedras.

A reconhecer os gritos solitários que vem lá de cima.

Tem almas saltando destas caixas para o vazio.

Não há fuga para dor.

Não há esperança quando não se entende o amor?

Há tempos fiz o meus votos com a felicidade.

Esta é a minha arte;

tem coisas que ela cura,

quando não,

procure a tua curva...

Mas,não salte..

Não salte!

Tem coisas que a gente não segura,

é o tédio.

Vive encaixotado as estes prédios.

Mas, tem gente que finge,

que jura que não.

Pra essa gente eu digo apenas:

O teu tédio é solidão.

É solidão!

Encontre o remédio.

Romantismo também se ponha á mesa.

Não duvide de mim,

Já fiz supletivo na arte do amor.

Faz parte da minha natureza.

Por isso,

cultivo pétalas com delicadeza.

E quando a vida não passa...

Vou regrando as flores que plantei na praça.

Contradições de uma vida tão rápida.....

Uma dica,

respire devagar.

Defenda-se,

não vá morrer no mesmo lugar.

Seja esperta,baby.

Acredite,

A tua fé poderá mudar este jogo.

Traga a sua própria chuva,

permita-se molhar.

Apague esse fogo.

Não tenho pedigree pra burguês.

Tão pouco, quero ser príncipe.

Apenas nasci com a malandragem de um Romeu.

Posso roubar todas as flores da cidade.

Posso vestir todas as minhas mentiras.

Digo apenas o que me seja necessário.

A vida urbana é apenas isso,

um jogo de "meias verdades".

Talhei nas paredes desta selva o meu código de Hamurabi.

Porém,

não se engane.

Nada é definitivo por aqui.

A cada dia a sua lei.

Na cidade dos neons também deve brilhar a coroa de um rei.

Por isso levo em minhas mãos uma flor pra cada princesa.

Não se nega que o amor também é um jogo.

Tá na guerra,

confronte a realeza.

Não tenho lar,

tão pouco lugar.

Estarei sempre o mais alto .

O mais alto....

Necessito tocar as nuvens,

também o teu corpo.

Adoro explorar os jardins do teu orto.

Venha comigo...

Te chamarei de minha querida.

Solte as tuas assas...

Libertarei a tua vida.

Acredite em mim,

sou feito gatos da noite.

Eu reino sobre estes tetos.

E hoje eu só te quero

Te quero....

Te quero bem perto.

Dê-me a tua mão,

salte comigo.

Fique ao meu lado.

Se exponha ao perigo.

Vejo qual lindo esta o arco-iris.

Se entregue,

Ceda-se das tuas regras.

Se permita a este céu.

Nada tema

feche os teus olhos

Abra a tua alma,

Acredite,

tudo agora é mais lindo.

Somos só nós dois.

Teu rosto coladinho ao meu.

Que importa o depois?

Um beijo.

O beijo de um plebeu .

A amor tem suas armadilhas,

Assim que fui descobrindo.

São estes teus olhos castanhos.

Duas portas pra mim se abrindo....

Assim me vejo.

Meu coração e a imensidão...

O fruto desse desejo.

O azul tornou-se sublime,

um grande campo livre.

Raras são as nossas vidas.

Veja o que ele fez.

Curou as nossas feridas.

Redimiu os nossos crimes.

Esta é a minha última rosa,

guardei só pra você.

Descobri em teus lábios todas que já beijei.

De todas você é a mais linda.

Sinta o vento.......

Esta soprando versos que serão pra mais de um verão.

Uma nova estação se confirmou.

Chamarei-te agora,

bela flor.

Algo bate bem mais forte;

o martelo quebrou a bússola,

sinto que estou perdendo o meu norte.

Quando se esta frágil, também se aprende a ser forte.

Autor: Francisco de Assis Dorneles