Bodas de perfume
para meu perfume em flor
Micaele, todo o meu amor
É aroma doce sempre quando tocamos os lábios. Sinestésica comunhão que nos abraça a cada dia. Paladares que nos agregam gostos que nos alimentam em experiências gustativas. Pairando em nosso jardim o sabor da amora e da jabuticaba, com um toque tempero de cebolinha com manjericão. Sem falar dos longos cabelos que agora temos irmanados. Cuidado delicado das madeixas pretas que enlaçamos na cama do gozo e do sono. Sim, de perfume é feito nosso enlace e de doçura o amor que nos enlaça.
Iniciamos este ano na estrada, lugar de nunca pouso que escolhemos para ser nossa estada. Seguindo sempre sobre as rodas-duas de nossa Poderosa, companheira de sempre companhia. Nosso primeiro voo de ano novo em Zeppelin, nas alturas entoadas por um rock madruga no polo da moda mineira. Nas terras paulistas de Campos do Jordão, agregamos mais doces e perfumes em nossa cesta matrimonial. Na terra lobatiana, o pica-pau do sítio nos saúda com sua trupe, levando-nos à história que se mantém na memória-criança que sempre se agita em nós. E vem a bênção da Senhora Aparecida em seu santuário que nos recobra o ânimo. Vislumbre da fé deste povo que somos, nós brasileiros, marcados por marcas passadas e presentes que correm na vida embrulhando tudo, assim esquentando e esfriando, apertando e afrouxando, sossegando e desinquietando; mas o que quer da gente mesmo é coragem-rosa. E terminamos nossa travessia-janeira no encanto barroco de São João.
A nossa rotina professoral começa e vai seguindo o ritmo das letras que vamos lendo nas páginas impressas dos livros e nas faces humanas de nossos pupilos. A literatura que nos faz ser cada vez mais um-o-outro único ser. E, para ampliar esta arte-palavra que já nos acompanha, escolhemos as artes visuais que nos concentraram ainda mais. E unindo a beleza da pintura e da escultura à aventura que sempre buscamos, fomos aos horizontes belos mineiros nos avaliar. E claro a rota-choperia da qual tanto gostamos sempre assinalada no trajeto-uber que nos permite ir-vir com muito pinguim no corpo. Mas outra aragem é percebida, é mais próximo fica o Claretiano, bem ali nas terras diamantinas. E para lá fomos com a família levar Colares e Marinetti para o ENCIC. Quem nos acompanhou desta vez foi a pequena Audrey, luzente em sua alvura, enfrentando as pedras calçadas de uma cidade histórica. Pequena guerreira que se mostrou grande como a Poderosa. Esta gigante que lá também nos levou sob águas que nos ensoparam numa viagem doidice de tempo que encaramos. Assim somos, apenas nós dois, em nossos devaneios.
Mas que dó, meu amor, sua vozinha ranhando a garganta. Momento de cuidar desse bem que nos sustenta. E assim a tia Micas deixa seus pupilos na saudade do retorno, que só marcado está para o próximo ano. E o carinho se assoma, e presentinhos caem no colo. Apesar de tudo na educação, há educandos que são mais que alunos, crias mais que criadas pela família; e são estes que nos queimam a lenha do prosseguir. Como os carinhosos tiradentinos que nos encenam em feijão delicioso com direito a “mini-eu”.
Assim, meu amor, chegamos ao dezembro-quinze que há seis anos firmamos juntos a união mais bela e certeira. Diante de nós, um ano que se abrirá, repleto de “não sei não” do que virá. Que rolem as pedras, mas que brotem as flores; e que nos deem as ovelhinhas finas lãs para nos aquecer de amor neste sétimo ano que começamos.
Seu Márcio
15 de dezembro de 2018.