DIAS VAZIOS

Não sei o que fazer com esses dias vazios. Tudo bem, por culpa minha. Afinal, quanta coisa há por aí pra se fazer. Eu que não consigo me enquadrar em nada. Acho, sinceramente, que vazio sou eu. Vazio de vontades. Não vontades simples, mas vontades complexas e que tenham sentido, que deem sentido para a vida. Por falar em dias vazios, quando penso na minha vida por inteiro, todos os meus foram e são assim. O vazio no entanto está dentro de mim. Um vazio de palavras, de atitudes, de momentos significativos, enfim, de tudo o que realmente conta quando a gente se depara com a realidade da vida. Temos tanto tempo, já disse alguém algum dia, e todos sabemos mas fingimos não dá atenção, somente quando as coisas já não fazem sentido algum. Por mais que eu queira, talvez não, que tudo dê certo, as coisas continuam abandonadas por mim mesmo. Grave e intenso, alma vazia dá trabalho de preencher. A minha está, e tenho medo, porque não sei exatamente as consequências disso num futuro próximo ou distante. Quando penso em tudo o que já se passou, lembro que sempre fui uma pessoa fora do mundo, alguém que não sabe compreender a vida. Não sei mesmo, nem consigo entender as motivações de estar vivo. Tudo bem se eu dormir um pouco agora? Ou alguém vai precisar de mim para nada? Nesses dias vazios, hoje, ontem e amanhã, é tão difícil fazer o que é certo, é impossível também ser ao menos feliz.

João Barros
Enviado por João Barros em 12/12/2018
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