Inconstância do tempo
O tempo passa célere envelhecendo as coisas e os lugares.
Metamorfoseando pessoas, dá-lhes cansaço e um pouco de história.
Mar revolto ou em calmaria, no ser, sentimentos singram tal qual jangada construída para pescar ilusões. Rochedos e praias compõem a paisagem dos repousos e das reprises. É que a vida, são pedaços que se juntam, ou complexos que se tornam cacos. Mas nada constante. Há tempo para tudo, mesmo que rápido; Até porque, tudo é previamente escrito nas linhas da essência divina.
Sonhos são construídos como castelos de areia. Permanecem até que a maré continue baixa, ou que não sejam pisoteados pela invídia ou descuido alheio. Amores são dependências. Necessidade de laços e nós. Há que se intensifiquem na verdade e na ousadia. Caso contrário, se restringem apenas à passagem e saudades. Pessoas se vestem de limo, se esquecidas das críticas benfazejas, quando ignoradas de seus carinhos ofertados. Esvaziam-se de si, dadas as circunstâncias de sofrimentos emocionais, porque as dores das mágoas e dos amores confusos são latentes como erupções vulcânicas.
O tempo vai entregando marcas de expressões às faces. Caminha vendo inocências serem perdidas e leva nas mãos, fragrâncias, cores, sons e sabores de toda existência. Nas portas entreabertas da felicidade e da tristeza, ficam as pessoas, usufruindo das suas capacidades de lidarem com cada uma delas. Pelos mares vão velejando balsas, nas valsas e boleros da alma. Tantos portos! E cada corpo e mente se enche de castelos nas areias do tempo e espera sem querer, a chegada da inevitável maré cheia.