"Seu Maneuzin retratista"...
[...] Morador do bairro Copacabana por décadas, espalhou a magia do seu ofício de retratista pelo imaginário popular. Com uma câmera fotográfica às mãos, seguia bairro afora retratando a imagem das pessoas, transformando em poesia e arte a fotografia. Por ofício, registrou a evolução histórica das pessoas em relação com o lugar, a cada clique em sua máquina, apreendia o tempo e congelava na memória as paisagens que, de semi-rurais e bucólicas passaram rapidamente a urbanas e caóticas.
"Enquadrar" o Seu Maneuzin como mais uma daquelas lendas que fruíram o nosso bairro Copacabana não é nada difícil, é claro. Quem nunca teve uma fotografia tirada por ele que atire a primeira pedra! E os monóculos... Invenção genial! E que fique claro, a invenção não foi dele, mas com maestria transformava qualquer adulto em criança ao utilizar um daqueles monóculos como ferramenta ou moldura para qualquer fotografia produzida por ele.
[...] Senhor Maneuzim, pai do "Deci", fotografou todos do Bairro Copacabana. Ah! Quando aparecia o primeiro emprego todos corriam no Seu Maneuzim... E fiado, é claro, pois fotografias não eram tão baratas assim. Lembro que em ocasiões de ter de tirar uma fotografia, tomávamos banho, penteávamos os cabelos feito em dia de casamento ou alguma cerimônia muito importante - sem falar nas roupas - vestíamos a melhor roupa que tínhamos (aquela de usar na missa de domingo). E tudo isso, para uma fotografia de milésimos de segundo, onde não podíamos nem mexer. Piscar, lamber os lábios ou respirar então... Nem pensar! E são essas as memórias que hoje fazem-nos lembrar com tanta nostalgia dessa época. Fotografias que registraram em papel a tão buscada felicidade.
Lembrar da nossa história e cuidar das nossas memórias é essencial para a saúde relacional da nossa comunidade. Não deixe a história guardada em caixas empoeiradas e ou em gavetas cheias de traça, procure e divulgue as fotografias de seus familiares e de lugares do bairro Copacabana que lhe são nostálgicos. A história do bairro é também um pouco da história de seus familiares. Os nossos heróis não são seres fantásticos e invencionáveis, nossos heróis são reais, personagens da invenção diária do nosso presente enquanto comunidade.